Já se passava das 22 horas quando entrei naquele café, o tempo era frio e caia uma garoa fraca. Sentei, abri um livro e comecei a ler, mal terminei a primeira linha e uma garçonete apareceu perguntando o que desejava, pedi um café. Recomecei a leitura, mas logo algo me chamou a atenção, era um homem sentado em minha frente, ele me encarava fixamente. Era assustador, mas ao mesmo tempo doce.
Ele sorriu para mim e se levantou caminhando lentamente em minha direção, quase que imediatamente a mesma garçonete pálida chegou com meu café. Ele parou e esperou ela se retirar, então se sentou na cadeira a minha frente e falou:
‘’ Me chamo Marcelo’’
‘’Hãn... Me chamo Isabella’’
‘’ Você tem um belo gosto literário, já li esse livro umas três vezes’’
‘’Ah, eu gosto do autor’’
‘’Você vem sempre por aqui?’’
Só pude pensar o quanto aquela pergunta era clichê. ''Primeira vez que venho, só estava tentando achar algum lugar calmo''
‘’Aqui é o lugar certo, percebesse que só tem a gente.’’ Ele tinha um sorriso não muito branco, mas era encantador, me fez sorrir junto.
O telefone de Marcelo tocou e ele educadamente pediu licença, se levantou e foi até o lado de fora. Não demorou muito e voltou apressado.
'' Eu preciso ir, aconteceu uma emergência, foi um enorme prazer te conhecer, Isabella". Ele não estava mais com aquele sorriso tão belo, agora apenas se via uma feição preocupada.
'' O prazer foi meu, tchau.''
E foi assim que o dono daquele lindo sorriso partiu, levando em algum lugar junto a si seu sorriso escondido, para talvez exibir para outra pessoa em uma outra hora. Me senti feliz por ter sido uma dessas pessoas que, mesmo por pouco tempo, apreciou aquele sorriso.
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